No momento em que você descobre algo a sua primeira reação é:
a) nossa, como eu sou foda de ter entendido isso.
b) nossa, que bom, entendi o que eu tava precisando entender para entender aquela outra coisa.
Justifique sua resposta!
Todo conhecimento que adquiro ressoa na minha alma mais como orgulho que satisfação pela dúvida sanada. Parece-me que satisfazer meu meu ego é o que mais me motiva a aprender.
A verdade é que me vejo como super herói, como um cara que precisa chegar em algum lugar, como se a existência tivesse sentido. Afinal, se estou aqui, é por algum motivo, não?
Nesse exato momento, estava eu lendo sobre existencialismo, quando me deparo com uma definição de conceito. Meus lábios abandonaram a apatia na mesma hora e surgiu um sorrisinho acompanhado de um pensamento canalha: "Duvido que meus amigos saibam disso! Estou na dianteira!!!" e, como se não bastasse "Ainda vai chegar o dia que eu vou dominar tanto esse assunto que eu mesmo vou publicar minhas ideias sobre o ele". Mas a verdade é que se progredi rumo a algum lugar nos 20 anos de minha vida, progredi a passos de tartaruga. Ou talvez eu tenha me saído pior ainda, talvez eu tenha regredido...
Sim, porque ainda muito jovem eu me questionava de maneira pura e sem nenhuma soberba sobre o conceito de liberdade. Afinal, eu era livre ou não para dar um tapa na cara de um desconhecido ou, quem sabe, arrancar as roupas no meio do recreio e sair correndo pelo pátio? A resposta não parecia muito difícil, claro que eu era livre. Eu sou o dono da minha realidade! Eu podia arrancar as roupas na hora que quisesse, não o fazia porque, além de não ter motivação para isso, teria de prestar contas às inspetoras, professoras, diretora e minha mãe. Arrancar as roupas não parecia um bom negócio... mas que eu era livre para realizar tal intento, eu era. E como me doía a alma de (aquela época) cristão saber que eu estava tendo pensamentos tão sujos ali na intimidade da minha cabeça de criança.
Agora mais velho, parece-me que eu me preocupava muito mais com Existencialismo naquela época do que me preocupo hoje em dia. Naquela época não enxergava nenhum charme em pensar sobre a existência humana ou sobre qualquer coisa, mas hoje em dia... hoje em dia eu estou um nojo só.
Eu ainda quero saber o que estou fazendo aqui, mas me parece que descobrir vai ser ainda mais sensacional porque vou poder contar para as pessoas, e elas vão ficar impressionadas com a minha descoberta, e vão publicar em livros e revistas, e eu vou dar palestras na TV, e, quase no leito de morte, vou poder assistir a um documentário narrando os meus primeiros questionamentos sobre tirar ou não tirar a roupa no meio de todo mundo... e então morrer satisfeito ao ver a odisseia do herói William da Silva Barros.
Ai, que dor, que horrível. Mesmo estas palavras que agora vos entrego estam cheias de presunção, como se fossem de grande importância...
Liberdade maldita! Maldita liberdade!
*O tempo gasto na redação desses parágrafos interrompeu a leitura do texto e agora estou com sono para descobrir mais sobre existencialismo.
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